Sergio Krakowski é um pandeirista carioca que redefine as expectativas sobre seu instrumento. Transformando o pandeiro em surdo, tamborim e bateria eletrônica, ele cria uma poética única, explorando polirritmias e contrapontos. No início dos anos 2000, participou do renascimento do bairro da Lapa, fundando o grupo Tira Poeira que participou de diversos programas de TV, tais como Jô Soares, Altas Horas e Som Brasil. Nessa época, Sergio dividiu o palco com grandes nomes como Chico César, Lenine e Maria Bethânia. A cantora baiana inclusive os convidou para assinar o arranjo da música São Jorge, lançado em seu álbum Brasileirinho, e participar dos shows dessa turnê, sedimentando a notoriedade do grupo.

Em paralelo, Sergio seguiu seus estudos em Matemática, que culminaram em um doutorado em Computação Musical pelo IMPA, onde desenvolveu softwares que permitem ao pandeiro controlar projeções de vídeo e efeitos sonoros, e que o levou a passar um ano em Paris para trabalhar no Laboratório de Computação Musical da Sony. Durante sua estadia na Europa, Sergio produziu seu primeiro disco, Carrossel de Pássaros (2012), gravado entre Brasil, França, Itália e Portugal, que conta com a participação de artistas como Yamandú Costa e Marcos Suzano.

A partir daí, Sergio Krakowski resolveu se basear em Nova Iorque, onde desenvolveu uma extensa carreira internacional, interagindo com grandes nomes do Jazz, tais como: Anat Cohen, Gonzalo Rubalcaba, Kevin Hays, David Biney, Lionel Loueke, Cyro Baptista e Edmar Castañera. Nessa época, Sérgio se apresentou em casas consagradas como Lincoln Center, Jazz Standards, Birdland, Museu Guggenheim NYC, Palau de la Música (Barcelona), New Morning (Paris) e diversos outros locais.

Foi nessa época que Sérgio fundou o seu trio com quem produziu e gravou seu segundo disco, Pássaros: A Fundação da Ilha (2016). Foi lá também que o trio gravou o disco Mascarada (2024), uma homenagem a Zé Keti que faz uma releitura contemporânea da obra desse grande mestre, e que conta com a presença e co-assinatura de Jards Macalé. O disco, lançado pela gravadora Rocinante, foi muito bem recebido pela crítica e ganhou um prêmio como um dos melhores discos nacionais de 2024 pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes).

Durante a estadia em Nova Iorque, Sergio concebeu e produziu seu projeto solo, onde usa o pandeiro aliado à eletrônica e à voz, e sintetiza mais de 20 anos de trabalho composicional. Gestado durante diversas residências artísticas em clubes de Jazz em NY, o projeto ganhou asas, recebeu um prêmio do Estado de NY para ser apresentado no Museum of Moving Image como parte do Electronic Arts Festival e foi apresentado no Museu Guggenheim de Bilbao. Depois desse longo processo de concepção, o projeto foi gravado no álbum Boca do Tempo, que será lançado pela Rocinante em 2025.